No decorrer da audiência os vários fatores que interferem no desenvolvimento da agricultura irrigada e que não dependem somente do agricultor foram discutidos amplamente
A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, promoveu audiência pública nesta quinta-feira (26) para discutir os desafios e oportunidades da irrigação no campo. O pedido para realização do debate foi do deputado Zé Vitor (PL-MG). Ele considera essencial debater o assunto frente ao desafio de garantir segurança alimentar num cenário de escassez de recursos e inconstância no regime de chuvas. “A agricultura irrigada pode contribuir imensamente para o enfrentamento do desafio de atender à crescente demanda por produção agropecuária, sem que haja necessariamente um acréscimo de novas áreas de cultivo”, destacou.
Foram convidados para a audiência pública, entre outros, o secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Fernando Silveira Camargo; a diretora-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marília Carvalho de Melo; e o presidente da Comissão Nacional de Irrigação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Eduardo Veras de Araújo e o ex-ministro da Agricultura, fundador da Embrapa e Presidente Executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) Alysson Paulinelli.
De acordo com Eduardo Veras, presidente da Comissão Nacional de Irrigação da CNA, “nós temos que romper as dificuldades e aproveitar as oportunidades. Temos um potencial enorme, em torno de sete milhões de hectares irrigados, e o aumento dessa área vai nos proporcionar produzir outras culturas e expandir, por exemplo, a fruticultura e novos pulses, atendendo o mercado internacional e, consequentemente, gerar renda e emprego para o Brasil.”
“O produtor não tem interesse de usar mais água porque há custos altos principalmente com energia elétrica. Então, nosso desafio é usar a irrigação para trazer segurança alimentar fazendo uso da mesma área de produção.”
De acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados, Lineu Neiva, para atender a demanda mundial por alimentos em 2050, será necessário aumentar a produção em 70% e para isso, a irrigação é fundamental.
“Atualmente temos 239 milhões de hectares de área agrícola no Brasil, com 97,2% de sequeiro e apenas 2,8% irrigados. Hoje os principais desafios para aumentar essa área irrigada não dependem apenas do agricultor. É necessário ter gestão dos recursos hídricos, além de regulamentar a Política Nacional de Irrigação e agilizar os mecanismos de outorga e de licenciamento ambiental. A irrigação é a melhor tecnologia para produção de alimentos.”
O coordenador-geral de Irrigação do Ministério da Agricultura, Mychel Ferraz, afirmou que o principal gargalo do setor são licenciamento ambiental e outorgas para construção, por exemplo, de barramentos nas propriedades.
“O uso de barramentos tem impacto social e garante a segurança hídrica para os produtores, mas ainda temos alguns entraves que precisamos vencer para atender a grande demanda de alimentos no mundo.”
Para o presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), e ex-ministro Alysson Paulinelli, é importante a participação do produtor rural no debate porque ele sabe como reter água na propriedade para poder produzir de forma sustentável. Ele destacou a urgente necessidade de novas tecnologias, liberação de recursos, novas e eficazes politicas para o desenvolvimento da irrigação no Brasil.
“Precisamos acordar para a necessidade de que o mundo precisa do mercado brasileiro. Somos responsáveis pela segurança alimentar mundial. O mundo não vai esperar a passos de tartaruga que o nosso país assuma essa responsabilidade. É importante levarmos essa discussão para potencializarmos a nossa produção isso é fator determinante. Somos capazes e eficientes e os produtores sabem disso. Em 1970 defendia uma safra, hoje temos duas e sou entusiasta em dizer que vou presenciar a terceira. Isso nos coloca a frente de qualquer país. A agricultura brasileira é a potencia mundial do futuro. É importante a participação do produtor rural em debates como este porque ele sabe como produzir de forma sustentável, disse Paulinelli.
“Há pontos na legislação que precisam ser revistos para trazer um pouco mais de tranquilidade para quem quer produzir e para aqueles que desejam preservar. É importante tratarmos desse assunto que é fundamental para a segurança alimentar e para a gestão dos recursos hídricos. É necessário avançarmos no debate e construir uma nova agricultura brasileira moderna, sustentável e produtiva,” afirmou o deputado Zé Vitor (PL/MG), autor do requerimento que propôs o debate.
Assessoria de Imprensa